Nasce mais um grupo de Live Action: Saturnália – ENTREVISTA

Recentemente, a cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, ganhou um grupo de LARP: o Saturnália. O Fantasia em Jogo entrevistou o organizador do grupo, Tig Vieira. Segundo ele, a região onde o Saturnália está não tem tradição em Live Actions. Este blog torce para que essa nova organização consiga mudar isso.

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Crédito: Saturnália. O nome do grupo vem de um festival durante o qual escravos se comportavam como pessoas livres.

Fantasia em Jogo – Como surgiu o Saturnália? De onde veio a ideia?

Tig Vieira – Da expansão de uma pesquisa que eu estava fazendo, usando o LARP como ferramenta de criação dramatúrgica coletiva dentro de espetáculos de artes cênicas. Como vi a necessidade de experimentar mais profundamente em jogos e mecânicas, desvinculei a proposição de jogos apenas do meu grupo de criação e pesquisa, e propus para a comunidade também fazer parte dessas experiências. Apesar da maior parte dos nossos integrantes ainda virem de um contexto teatral, outras pessoas estão procurando nosso grupo para participar dos jogos.

FJ – Por que vocês criaram o Saturnália?

TG – Para suprir uma demanda de criação coletiva dentro de artes cênicas. A ideia de criar espetáculos através de jogos não é nova, mas essa criação geralmente só se dá com a dramaturgia em mãos, quando a exploração de possibilidades para a direção e para os personagens já está limitada pela escrita do dramaturgo. A ideia era criar a própria dramaturgia através de jogos narrativos. Num primeiro momento, pensei em utilizar o RPG, mas, indo a fundo nas pesquisas, “descobri” o LARP como gênero de jogos de role playing, cujas mecânicas satisfazem de maneira muito mais eficaz essa expectativa.

FJ – Vocês já organizaram alguma sessão de Live Action antes? Se sim, qual foi a temática?

TG – Já organizamos dois LARPs, de mecânica mais livre e de curta duração. O primeiro foi o “Ouça no Volume Máximo”, do Luiz Prado; e o segundo foi “Uma Jornada Para a Lua”, do Matthijs Holter.

Nota: o Saturnália organizou sessões desses Live Actions, mas o “Ouça” e o “Jornada” não são criações deles.

FJ – Você poderia falar um pouco sobre esses LARPs que vocês já organizaram? 

TG – O “Ouça no Volume Máximo” tenta simular a experiência de uma banda que fez sucesso em um passado recente. Por algum motivo, um dos integrantes quer faze-la voltar à ativa. É um jogo que simula muitas discussões, mágoas, nostalgias e frustrações. A gente interpretou os integrantes de uma banda de R&B nacional e nosso final foi bem positivo. O “Jornada para a Lua” é um LARP de contar histórias que tem uma mecânica de turnos. Em cada um deles, a pessoa deve colocar uma frase ou uma sentença para completar uma história de aventura em que um grupo de crianças, interpretadas pelos jogadores, viaja até a Lua e volta para casa antes da hora de dormir. É um jogo muito encantador porque evoca esse sentimento de constante admiração infantil pelo novo, pelo impossível, sabe? Todo mundo saiu “leve” do jogo.

FJ – Como será o próximo LARP que vocês pretendem organizar?

TG – Será um de criação própria. Ainda está na fase de elaboração, mas por enquanto estou chamando ele de “O Jardim”. Ele pretende discutir afetos e memórias como se fossem coisas que plantamos em um jardim particular, que um dia precisamos simplesmente abandonar.

FJ – Quantas pessoas podem participar? A participação será cobrada?

TG – A participação das pessoas é livre, gratuita, e depende apenas da disposição delas. Temos um grupo no Facebook onde organizamos os jogos e, sempre que temos uma demanda de datas, divulgamos para quem tiver o interesse de participar, dentro do número limite de participantes do jogo, claro.




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