O Fantasia em Jogo aproveita o dia de hoje para perguntar: como são os relacionamentos nos jogos? Seja por amor, interesse ou só putaria mesmo, é possível que seu personagem já tenha se envolvido com outro PC (“Playable Character”, personagem jogável). Personagens também namoram, casam e transam.
Alguns jogadores definem no background (ou seja, no histórico do personagem) que os PCs deles se relacionaram (ou ainda se relacionam) com alguém e esse alguém é transformado num NPC. Entretanto, o que acontece quando personagens de jogadores se relacionam de maneira mais… intensa?
Jogadores podem se perguntar: como interpretar o desejo e o amor? Como interpretar um personagem que apenas finge amar alguém? Para os narradores, a dúvida poderia ser: como mostrar que as atividades do personagem podem atrapalhar a vida amorosa dele e vice-versa?
O impacto do relacionamento no grupo
Campanhas de Live Action costumam ter dezenas de jogadores. Assim, um relacionamento dificilmente vai ter impacto no grupo como um todo. Isso é ainda mais verdade para jogos online que tenham centenas, milhares ou até mesmo milhões de jogadores. Porém, a situação muda em campanhas de RPG.
Mesas costumam ter, aproximadamente, cinco pessoas. Se o personagem A começa a, por exemplo, namorar B, isso pode afetar bastante o resto do grupo. Antes, o personagem A pensava assim: “Vou ajudar todos como puder”. Enquanto namora B, o personagem A pode pensar: “Vou ajudar B e, se puder, ajudo os outros também”.
Isso para não falar de situações em que a relação termina mal. A e B não namoram mais, só que precisam continuar convivendo. Como os outros lidariam com isso? E se a tensão entre A e B chegar a ponto de eles não conseguirem ficar perto um do outro? Isso não forçaria os demais a escolher um deles para continuar no grupo?
Consequências ON e OFF-game
Sessões de Live Action, mesas de RPG e partidas online já criaram e destruíram amizades. Em alguns momentos, separar a vida fora do jogo do que acontece dentro dele não é fácil. Por não ser fácil, nem todos conseguem. Se isso pode acontecer entre amigos, por que não entre namorados?
Já houve casos de namoros que acabaram mal e serviram de motivação para um personagem usar informações ON e OFF-game para prejudicar outro. Também já houve casos de PCs pegarem mais leve um com o outro porque são namorados fora do jogo.
Isso para não falar de mestres e narradores. Mesmo que eles tratem todos os jogadores igualmente (nem sempre isso acontece), alguém pode suspeitar de que eles dão tratamento especial para namorados e namoradas ou apenas levantar essa suspeita para ter algum benefício.
Nota: este blog não é contra nem a favor de que namorados participem da mesma campanha. Caso isso aconteça, o Fantasia em Jogo recomenda que os jogadores se vigiem para separar o mundo “ON” do mundo “OFF”.
Cenas íntimas/quentes. E agora?
O jogo é um Live Action? RPG? Presencial? A distância? Esses fatores influenciam (e muito) o decorrer das cenas. Em jogos a distância, pode ser mais fácil descrever como o personagem agiria numa situação mais íntima, mas talvez a coisa toda fique mecânica demais, suavizando de maneira indevida o impacto da cena.
Por outro lado, jogos presenciais exigem mais interpretação e alguns jogadores se sentem embaraçados em certos tipos de cena, mesmo sabendo que ninguém vai se pegar de verdade – LARPs permitem relações sexuais entre personagens, não entre os jogadores.
Também é preciso tomar cuidado para que sexo nas campanhas não caia apenas para o lado da piada. Este blog não vê problema em piadas com certos acontecimentos da campanha. Isso é até saudável em alguns casos. Porém, o Fantasia em Jogo acha que sexo entre personagens pode ser tratado de outras formas além da piada.