COMO MUDAR SEU PERSONAGEM DURANTE A CAMPANHA (PARTE 2)

Atualizado em 10/06/2015

Já foi citado na primeira parte: pessoas mudam. Personagens de campanhas de Live Action, RPG ou outros jogos interpretativos também. Quase nenhum personagem sai de uma campanha do mesmo jeito que começou e este blog não está falando apenas de poderes. 

Duas imagens mostrando Hiei, do desenho Yu Yu Hakusho. Em uma, ele segura dois tesouros roubados. Na outra, ele protege a irmã.
Crédito: Montagem / Screenshot do YouTube. Hiei, do desenho YuYuHakusho. Antes, ele era um ladrão impiedoso. Depois, passou a proteger quem amava.

Um personagem do autor deste blog mudou bastante numa campanha de Live Action. Um simples mercenário. Matava gente; servia como guarda-costas; transportava pessoas e cargas; fazia sabotagens; e muitas outras coisas. A única regra dele era sempre terminar o trabalho: “Se eu receber dinheiro para matar uma pessoa, vou matar. Mesmo que ela ofereça dez vezes mais para não ser morta”.

No começo, meu personagem não era exatamente um PC (playable character, personagem do jogador), mas um apoio para testes que o narrador estava fazendo no jogo. Ele deu algumas instruções sobre como eu devia interpretar. Nada muito rígido, mas deixou bem claro que meu mercenário (pelo menos no começo) era um vilão, talvez um anti-herói, mas não um herói. 

Maloom, meu personagem, era de uma Família Real. Sendo o irmão mais novo, ele foi treinado desde criança para ser um general. Deveria proteger o planeta dele e o irmão mais velho, o futuro Rei. Maloom sempre fez o que era esperado dele até o dia em que o planeta foi assolado por uma guerra pelo trono.

Então, Maloom fez mais do que se esperava dele: mesmo tendo apenas 13 anos, participou de várias batalhas e ajudou as tropas Reais. Ainda assim, não foi o suficiente. A queda da Família Real era apenas questão de tempo. Então, Maloom fez um acordo com um grupo de mercenários. Um acordo que deu a vitória para a família do meu personagem.

Os mercenários garantiram que a família de Maloom continuasse no trono. Em troca, meu personagem se juntou a eles e cortou os vínculos com os parentes. Ele não era mais Príncipe. Por mais de dez anos, cumpriu as obrigações de mercenário fazendo coisas que a antiga família dele certamente não aprovaria.

O parágrafo acima é um exemplo de mudança com um motivo forte. O preço que o personagem pagou para salvar a família foi abandoná-la.

Maloom, além de mercenário, tinha renome como caçador de recompensa. Por isso, foi contratado por um grupo de guerreiros (PCs e NPCs da campanha). No começo, era apenas trabalho. Então, alguma coisa mudou. Maloom simpatizou com os objetivos daquele grupo. Ele estava, novamente, lutando por algo que acreditava, não por dinheiro. Como quando era príncipe. Faltou pouco para meu caçador definitivamente se juntar aos mocinhos.

Isso foi um exemplo de gatilho que acionou a mudança. O Príncipe ainda existia dentro do mercenário.

Porém, o contrato terminou e Maloom teve que voltar para o grupo de mercenários. Por instinto ou por causa de um mecanismo de defesa, o caçador novamente endureceu o coração. O trato que havia salvado a antiga família dele continuava valendo e ele teria que fazer o que os mercenários faziam.

Antes, meu caçador lutou ao lado dos outros personagens. A missão seguinte consistia em matá-los. O contrato anterior já havia acabado, então meu personagem não estava traindo ninguém. Ainda assim, ele se sentia mal. Principalmente quando descobriu que não conseguiria enfrentar os alvos frente a frente. O autor deste texto foi falar com o narrador:

“Se eu lutar contra eles no mano a mano, eu perco. Se eu usar minha nave, consigo matá-los. Só que aí, todos que estão no vilarejo morrem junto. O que meu personagem faria?”. O narrador respondeu: “Ele cumpriria a missão. É só isso que eu posso dizer”. Meu personagem cumpriu. Usou a nave e destruiu o vilarejo, matando os alvos e dezenas de outras pessoas no processo.

A foto da capa deste post mostra Gaara, personagem do animê “Naruto”. Ele matava sem remorso até enfrentar um adversário que tinha escolhido um caminho diferente. Desde então, Gaara resolveu viver de outra maneira.




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